Paulo Henrique Ganso. Meia clássico, camisa 10 dinâmico. Sabe o que fazer com a bola nos pés, cadencia qualquer jogo com uma facilidade absurda e é um dos poucos jogadores do futebol mundial capazes de ditar o ritmo de uma partida sozinho. Tantas qualidades não poderiam passar despercebidas. Em 5 meses, a mídia nacional e internacional exaltaram o garoto de 21 anos de uma forma que não se via há bastante tempo. E com razão.
No início era apenas a sombra de Neymar em um time que voava em campo, mas Ganso rapidamente ganhou os holofotes e despertou o interesse de diversos clubes europeus. Impressionados com o talento do camisa 10 do Santos, diversos representantes vieram ao Brasil observar de perto o jogador. Foi nesse período, que a imprensa mundial noticiou seu futebol como nostálgico.
Zidane, Rivaldo, Cruyff. As comparações feitas no início de 2010 podem até não terem sido tão precoces assim, mas ajudaram a balançar a cabeça do menino, que se perdeu com algumas declarações infelizes fora das quatro linhas. Paulo Henrique, porém, continuou mostrando desenvoltura com a bola nos pés e virou o queridinho do país depois de uma atuação antológica na final do Campeonato Paulista de 2010.
Foi o suficiente para ter seu nome aclamado para ir à Copa. Não foi, e aí começou a se complicar. Talvez pelo fato de não ter um bom acompanhamento fora de campo? Não sei. Mas a declaração de que ele "cabia lá" após o primeiro jogo da Seleção na África do Sul foi de uma tremenda falta de caráter. Ganso não tem metade da quilometragem de estrelas do futebol brasileiro, que não foram convocados, mas que ficaram de bico fechado. Se fizessem isso com ele hoje, convocado, tenho certeza que o mesmo acharia anti-ético.
Meses se passaram e o jogador sofreu uma séria lesão no joelho que o afastou dos gramados por 6 meses. Durante o período de recuperação, Paulo Henrique não foi procurado pela diretoria do Santos para discutir a renovação de seu contrato, fato que já havia sido combinado anteriormente, pouco antes de sua contusão. Quando se recuperou, foi à mídia mais uma vez e pisou na bola. Ganso pediu aumento pelos serviços prestados ao Santos e alegou que o clube não o valorizava como deveria. Uma facada por trás em uma instituição que sempre o tratou tão bem, dando-lhe tratamento vip durante os 6 meses em que se recuperava, sem render nada ao cofres do clube.
Agora a pergunta é, aumento por que? Porque você fez uma boa fisioterapia? Pera lá, né, tudo tem limite. O dia em que o clube formador for mais valorizado, o futebol vai ser muito mais bonito de se ver e os jogadores vão se desenvolver de forma muito mais eficiente. Mas para isso, é preciso trabalhar a cabeça desses garotos, que parecem não ter acompanhamento profissional.
Ganso é a prova disso. É craque? É, demais, mas é mimado. Provavelmente não é bem assessorado e ainda vai ralar muito por conta disso. Está forçando sua saída do Santos de forma errada. Vai sair manchado, com a imagem arranhada e em direção a um destino que será uma incógnita. Ou você acha, garoto, que você vai chegar na Inter de Milão e bancar um tal de Sneijder?
Dê tempo ao tempo, continue jogando seu futebol que você vai longe. Talento tem, só precisa trabalhar um pouquinho a cabeça. E nesse caso, não dá nem para culpar seu clube, Ganso. Eles lapidam bem suas jóias e você é apenas mais uma delas. Não jogue seu futuro no lixo, e lembre-se: Você é a maior revelação brasileira dos últimos 10 anos. Faça por onde.