domingo, 20 de março de 2011

O lado ruim da imortalidade


Até que ponto uma fama pode prejudicar um time de futebol? Mesmo quando ela é positiva na teoria, todo o ideal por trás muitas vezes prejudica uma equipe em momentos decisivos. O Grêmio é um dos clubes mais tradicionais do Brasil e carrega junto com si, o rótulo de "Imortal". O tricolor gaúcho, de fato, já conseguiu algumas façanhas dignas de roteiro hollywoodianos, mas ultimamente esta reputação tem lhe custado caro.

No ultimo dia 9, a equipe comandada pelo técnico Renato Gaúcho conquistou o primeiro turno do campeonato regional, após vencer o Caxias na disputa de pênaltis. A partida ficou marcada pelos oito minutos de acréscimo que o árbitro resolveu aplicar no final do segundo tempo. Curiosamente, o Grêmio, que chegou a estar perdendo por 2x0, buscou o empate aos 50 minutos, em um arremate chorado de Rafael Marques, após dividida dentro da área.
O empate, que parecia improvável, se tornou realidade da forma que a torcida tricolor mais gosta, com sofrimento e raça. A maneira como a partida se desenvolveu ganhou ares dramáticos e deu ainda mais sabor à vitoria gremista. A tal "imortalidade" fora posta à prova e correspondida. O atual campeão gaúcho se manteve vivo até o final, levantou o caneco e provou que é favorito ao bi campeonato. Mas, precisava de tudo isso?

A diferença técnica entre a equipe do Grêmio e a do Caxias é grande. O nível de qualidade dos dois times grandes de Porto Alegre é muito superior ao das outras equipes que fazem parte do campeonato do Rio Grande do Sul. Não há necessidade de sofrimento para vencer uma equipe desse escalão, ainda mais da forma que aconteceu, com muita gente questionando a polêmica atuação do senhor Márcio Chagas da Silva, árbitro da final.

Caso parecido ocorreu quarta-feira, em partida válida pela fase de grupos da Taça Libertadores da América. O tricolor gaúcho viajou até o Peru para encarar o limitadíssimo León de Huánuco e saiu de lá apenas com um empate. O time tentou, criou oportunidades, mas faltou o gol. Talvez, com um pouco mais de vontade, o Grêmio desembarcaria em Porto Alegre com os 3 pontos e a classificação praticamente garantida.

Uma partida que tinha tudo para ser tranqüila ganhou ares dramáticos, mais uma vez. Pela fama de superação novamente? Talvez, mas o que ficou claro é que Douglas, Carlos Alberto e cia perderam uma ótima oportunidade de ganhar moral para o resto da competição. Já o rival Internacional, não tomou conhecimento dos bolivianos e aplicou uma sonora goleada, fora de casa. 4x1 e belíssima atuação.

Não é a primeira vez que o Grêmio se complica em uma competição por se apegar muito no tal apelido dado por sua torcida. Cada com sua história, cada um com seus ídolos e momentos marcantes, mas há limites. As vezes, é preciso deixar de lado o passado para poder brilhar no futuro. Desde 2001 que o tricolor gaúcho não conquista um título importante, porém, alguns gremistas juram que isso não faz falta. Afinal, segundo eles, seu time é imortal e lhes dá orgulho freqüentemente com algum fato antológico, pois é nisso que o Grêmio se resume. A Batalha dos Aflitos mudou muito a cabeça de alguns torcedores, ao meu ver, para pior. Acorda esse time, Renato, não dá para confundir o termo "copero y peleador" com sufoco.

Um comentário:

  1. Concordo o time do Grêmio não leva nenhum título expressivo nos últimos anos. Mas também pelo menos em brasileiros , sempre está lá em cima, como o seu rival, disputando vagas pelo título, ou pela Libertadores. Falta sempre sorte, ou o algo a mais, sequencia. Porque o Grêmio demora a acordar, quando embala surge a sua imortalidade, mas costuma as vezes ser tarde demais.

    Só não concordei quanto ao time de Caxias, foi uma surpresa no campeonato. O Grêmio tem mais nome, mais favorito como de costume, mas o Caxias tinha menos, mais tinha chance de surpreender e ganhar. Se não fosse pelos acréscimos. Além disso a final é mão única disputada no Olímpico. Coitado do Caxias ...

    Salve o Imortal. haha

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