terça-feira, 23 de novembro de 2010

Futebol-Empresa

De 1980 para cá, muita coisa mudou. A moeda, o mapa mundi, os presidentes, algumas leis, a maneira de se vestir, as gírias. Junto desse panorama de mudanças , o futebol também se encaixa, e muito. O esporte bretão se modificou bastante, principalmente fora das quatro linhas. O problema é que alguns clubes brasileiros estagnaram e parecem não ser adaptar a algumas novas tendências administrativas que surgiram por volta do novo século. Não é o caso de um ou outro. É o caso de praticamente todas as entidades futebolísticas (e algumas esportivas em geral) do nosso país.

O futebol não é mais o mesmo. A maneira de se gerar receitas sofreu modificações, os empresários ganharam poder e os clubes a cada dia que passa se tornam mais reféns da televisão. Porém, dois fatores permanecem intocáveis, o mesmo problema que na década de 80 podia ser facilmente tirado de letra, hoje em dia não pode mais. A falta de uma política esportiva e de um modo administrativo decente não permite um crescimento exponencial de nenhum clube brasileiro.

A modernização do futebol pareceu ocorrer apenas na Europa. A América do Sul ainda apresenta modelos administrativos defasados de mais de 20 anos atrás. Historicamente, os clubes se organizavam em associações sem nenhum fim lucrativo. O futebol no passado não era o que é hoje, não visava lucro.

O aumento da velocidade do fluxo de informações, aliado a novas tendências econômicas obrigaram os gigantes europeus a pensarem adiante. A geração de receitas e a valorização do nome passaram a ser prioridades. Para isso, muitos clubes do velho continente adotaram o modelo clube-empresa, como forma de buscar mais investidores para a associação. Um modelo, sério, profissional e muito bem visto pelo órgão público, graças a facilidade de fiscalização.

Manchester, Chelsea, Bayern de Munique são exemplos bem sucedidos desse modelo de gestão. Na Inglaterra, é bem mais comum. Muitos investidores vêem na terra da rainha, o futebol com um terreno mais bem preparado para adentrar nesse mercado. Mais recentemente, o Liverpool passou por essa mudança, totalmente desaprovada pelos torcedores.

Existem as exceções que confirmam a regra. Os gigantes Barcelona e Real Madrid não adotam o formato clube-empresa. A Espanha não permite este tipo de administração, por isso, o Estado tem participação incisiva na geração de receitas dos clubes do país. E na opinião deste humilde blogueiro, é a forma mais contundente.

No Brasil, houve tentativas. O Palmeiras foi vitorioso com a Parmalat, mas a parceria não seguiu adiante e custou um rebaixamento ao time paulista. Caso semelhante foi com o Corinthians, com a MSI e com Grêmio e Flamengo, com a ISL. Hoje em dia, vemos a Traffic em evidência nos noticiários esportivos pela sua atuação em diversos clubes e seus contratos com diversos jogadores. O conceito existe por aqui, ninguém é bobo. A questão é a confiança.

A tendência é que a conversão de clubes para clube-empresa continue. O sucesso é evidente e exemplos é o que não falta. A modernização do futebol não obriga nenhuma clube a seguir determinado modelo, mas ao mesmo tempo que não obriga, faz com que haja necessidade. Porém, nada pode ser realizado sem transparência por parte dos diretores e sem boa administração. Nada vai cair do céu. Futebol é uma caixinha de surpresa fora das quatro linhas também. É coisa de gente grande.

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