
Uma quarta -feira para esquecer. Pode-se classificar assim o dia de ontem para Fluminense e Botafogo. Os cariocas amargaram péssimos resultados e se complicaram de vez na Taça Libertadores e na Copa do Brasil, respectivamente. Com um futebol para lá de previsível, o tricolor empatou em casa com o bem postado Nacional do Uruguai, enquanto o alvinegro foi derrotado pelo River Plate...de Sergipe.
As atuações foram péssimas, horríveis de se ver. No Engenhão, o Flu não conseguiu furar a boa defesa da equipe uruguaia liderada pelo jovem zagueiro Sebastián Coates, de apenas 20 anos. Um exímio defensor que surge numa escola consagrada por Hugo de Leon, Lugano e tantos outros beques respeitados.
Como era de esperar, a equipe de Muricy Ramalho buscou durante o jogo inteiro a jogada aérea. Foi um total de 36 cruzamentos, todos com esperança de Rafael Moura ter um lampejo decisivo. Chuveirinhos, cruzamentos da diagonal da área e bolas paradas: o repertório tricolor fica cada mais repetitivo e previsível para os adversários. Um esquema que não funciona em mata-mata(ou para Muricy: morre-morre), em virtude da aplicação tática da equipe visitante, que vê o empate com muito bons olhos. A escalação de 3 zagueiros e 2 volantes em uma partida em casa em que sua equipe precisa de resultado é algo que até agora todos tentam entender, mas não conseguem. Tricolores, qual a última vez que você viu o seu time marcar um gol sem ser de bola parada ou de bola alçada na área?
Com o Botafogo, não foi diferente. Joel escalou 3 volantes e 2 laterais com pouco poder ofensivo. Sem saída, o time depositou suas esperanças nas bolas alçadas para Abreu, que não estava em um bom dia, assim como todo o resto do time. De longe, a pior partida do alvinegro em 2011, e talvez, a pior sob comando do atual comandante.
Os dois times estão com sérios problemas de readaptação. Seus esquemas de jogo já estão batidos e os próprios jogadores reconhecem isso. Loco foi à público reclamar da forma de jogar da equipe e, com razão, recebeu o apoio da torcida. Enquanto o Botafogo continuar dependendo de um ou dos jogadores, não terá a capacidade de almejar vôos mais altos na temporada. A jogada aérea, que era arma letal, hoje em dia é o tópico número 1 de toda preleção adversária, por isso que quando muda-se a jogada, as coisas começam a funcionar. Na semifinal da Taça Guanabara, foi pelo chão que Abreu obrigou Felipe a fazer uma ótima defesa no início do segundo tempo. E foi com a bola rolando que o mesmo Abreu chutou seco para empatar o jogo, dois minutos depois. Chegou assim, rendeu assim, e empatou assim. Mudar pra que, Joel?
O caso do Fluminense já é mais complicado. A equipe voou no início do Brasileirão do ano passado. Um rolo compressor que fez a gordura necessária para utilizar nas rodadas finais. A base de Cuca fora mantida e o Fluminense liderou o Campeonato com certa folga durantes uma significativa quantidade de rodadas. Daí, o tempo passou, Muricy começou a implementar seu trabalho, e o tricolor caiu de produção. Coincidência?
Não. O Flu não joga bola desde Setembro de 2010. Foi campeão, com méritos, mas foi muito mais na base da vontade, da raça, da força de sua torcida e de atuações antológicas de Dario Conca. A equipe parou de jogar futebol envolvente e virou adepta da escola Muricy, a mesma escola que o São Paulo só está conseguindo se livrar agora, 2 anos depois da saída do técnico do Morumbi.
Ontem, enquanto o tricolor abusava das jogadas aéreas e das jogadas de bola parada, a maioria dos ataques do Nacional eram pelo chão, com toques rápidos e muita velocidade. Em competições curtas, é preciso agressividade. Não dá para você entrar em um jogo precisando de três pontos vitais para a classificação em um dos grupos mais difíceis dos últimos anos jogando desta forma, é simplesmente inaceitável. O caminho que podia ser tranquilo para a equipe carioca, ganha ares dramáticos. A teimosia de seu treinador pode ter custado a Libertadores para o Fluminense.
Quem viu o jogo ontem, poderia se fazer a seguinte pergunta: "Afinal, qual é o time brasileiro?" Deixa esse time jogar bola, Muricy.