sexta-feira, 22 de abril de 2011

Deixa de bobeira, deixa de bobagem...


A épica vitória do Fluminense na última quarta feira, que garantiu o time nas oitavas de final da Taça Libertadores da América, ficou manchada pela lamentável atitude da equipe do Argentinos Jr. após o apito final. Os jogadores do clube argentino, inconformados com a eliminação, causaram uma confusão no final do jogo que acabou se tornando uma briga generalizada. Uma vergonha. Jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do tricolor carioca foram covardemente agredidos no gramado enquanto eram observados pelos poucos policiais em campo, que nada faziam. Infelizmente, não é a primeira e nem a última vez que um fato como este irá acontecer. Lamentavelmente, já virou rotina. Faz parte da Libertadores e só nos resta nos adaptarmos.

A Conmebol, como sempre, é omissa. Nada faz, finge que não vê e cisma que a violência extra campo na maior competição da América do Sul é o menor dos problemas. A Fifa, então, faz de conta que não é problema dela. A CBF tenta, mas não tem e nunca vai ter uma grande influência nos nossos territórios vizinhos. Enquanto isso, vemos a Concacaf mandar e desmandar por aqui, mesmo com um nível técnico, no mínimo, dez vezes inferior. É a politicagem mais uma vez sujando o futebol.

Entradas violentíssimas e juízes punindo comemoração de gol. Estádios com arquibancada a meio metro de distância da linha lateral, sem nenhum tipo de proteção, e federação proibindo o Atlético PR de jogar uma final de Libertadores, o maior jogo de sua história, na Arena da Baixada. Algumas atitudes são tão incompreensíveis e incompatíveis que se pararmos um tempo para analisar, veremos o quão sujo o futebol se encontra no nosso continente.

É um absurdo o que os clubes brasileiros são sujeitos quando realizam uma partida fora do Brasil. Não há nenhum tipo de segurança, nenhuma garantia que a viagem e o jogo vão ser tranqüilos, o que deixa a integridade física do atleta sempre ameaçada. A logística então, é complicadíssima. É dificílimo para um time brasileiro jogar uma Libertadores, e talvez por isso, a competição seja tão valorizada.

O caso mais grave dos últimos anos foi quando o Flamengo foi jogar em Potosí, cidade boliviana a 3967 metros de altitude, em 2007. Os jogadores só chegaram na cidade horas antes do jogo, após uma longa viagem de ônibus. Lá, as condições eram precárias, e o mundo assistiu em choque os jogadores rubro negros utilizarem cilindro de oxigêno na beira do gramado para poder continuar a partida. A repercussão foi tanta, que a Fifa entrou em cena e tomou providência, proibindo jogos em altitudes muito elevadas.

Na quarta, após o término da partida, os jogadores do Fluminense ficaram presos dentro do campo. O vestiário estava trancado, ninguém entrava nem saía. O que aconteceu na Argentina foi, sem nenhum exagero, o maior mico dos últimos tempos do futebol mundial. A punição para o Argentinos Jr. deveria ser bastante severa. Aliás, bem conveniente ter acontecido em um estádio denominado Diego Armando Maradona.

E sabe o que é pior? Nada vai acontecer. A Conmebol não vai se mexer e o clube vai sair impune, já que, infelizmente, a Libertadores virou sinônimo de má organização e descaso. Brasil é o único país que joga a competição de maneira leal, seguindo os regulamentos e os direitos de cada clube. Porém, o que isso nos trouxe até agora? Nada além de estresse e dor de cabeça, visto que o país mais vezes campeão da América ainda é a Argentina. Até quando isto vai durar? Até quando nossa maior competição vai ser tão mal organizada e deixada de lado? É preciso ter peito e não ter rabo preso na política para mudar alguma coisa no futebol da América do Sul. Um continente com oito copas do mundo nas costas merece mais. Muito mais.

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