
Todo clube do planeta se identifica com alguma causa, característica ou jeito de ser. Pode não parecer, mas por trás de qualquer instituição de futebol existe uma ideologia que freqüentemente é seguida à risca por torcedores, jogadores e dirigentes. As vezes, ela é esquecida, mas volta e meia, querendo ou não, acaba voltando à tona. A história não se constrói do nada, ela é conquistada.
E a identificação do São Paulo com o Uruguai é um exemplo claro. Houve toda uma base, moldada por Pablo Forlán e Pedro Rocha, construída por Darío Pereyra e consolidada pelo atual capitão celeste, Diego Lugano. Quatro guerreiros uruguaios que por si só, constituem uma ideologia que quatro gerações de tricolores idolatram. A força uruguaia com a técnica brasileira: o maior achado da história do Morumbi.
O primeiro a brilhar foi Pedro Rocha. Meia dinâmico, com uma técnica rara aliada à famosa raça uruguaia, conquistou os tricolores com 113 gols em 7 anos de clube. Na mesma época, Pablo Forlan era o dono da lateral direita. Um jogador marcado pela agressividade e que rapidamente caiu nas graças da torcida. Juntos, os dois foram os percussores da marca celeste no SPFC, e atingiram o ápice em 1977, na conquista do Campeonato Brasileiro.
Naquele ano, surgiria também o maior ícone estrangeiro do clube, o excelente defensor Darío Pereyra. Considerado o melhor zagueiro da história do clube, Darío fez parte do grupo em 77 e foi importantíssimo no bi brasileiro em 88. Com 130 jogos pelo clube, ajudou a marcar a década de 80 como a década uruguaia no São Paulo.
Quinze anos depois, começava a Era Lugano. Contratado como uma aposta do então presidente Marcelo Portugal Gouvêa, sem a aprovação da comissão técnica, Diego Lugano teve um início complicado no time. Apoiado pela torcida, conhecedora da mística uruguaia, o zagueiro aos poucos começou a se destacar dentro das quatro linhas por conta de sua fibra, a marca do país vizinho.
Com atitudes marcantes dentro e fora de campo, Lugano foi talvez a peça mais importante, ao lado de Rogério Ceni, da conquista da Taça Libertadores e do Mundial Interclubes em 2005. A dura missão de marcar Steven Gerrard na final em Tóquio, contra o Liverpool, acabou se tornando a melhor memória que o torcedor são paulino tem do zagueiro. Atuações impecáveis, frases inteligentes e uma cabeça rara no futebol mundial. Diego Lugano estendeu a camisa do São Paulo para sua pele e sozinho(isso mesmo, sozinho) mudou a concepção de um time que há 15 anos era taxado de time frio e sem brio.
Um clube nunca foi tão identificado com um país vizinho como o SPFC é com o Uruguai. A torcida adora, a diretoria respeita e sabe que é comum um uruguaio fazer história no Morumbi. Talvez por isso que ela atualmente tenta, com certo sigilo, a contratação do melhor jogador da última Copa, Diego Forlán. O filho de Pablo Forlán já declarou sua vontade de vestir a camisa tricolor e tentar repetir o sucesso do pai, mas até agora, nada foi confirmado. Se vier, vai encontrar o terreno preparado para exercer seu futebol, sem ter que provar nada a ninguém. Só que enquanto isso, os são paulinos se apegam ao passado. E quando ele é vitorioso, serve de inspiração.
A ideologia celeste é uma das partes mais bonitas da história do São Paulo e merece ser valorizada, mas não precisa forçar, eles tiram de letra por lá. O Morumbi é o único lugar do mundo que o sol brilha o ano inteiro. Só que lá, a estrela é diferente. É o sol de maio.
Massa o texto. Como são paulino, posso dizer que é por aí mesmo. Só acho que não há forçada de barra em tentar o Forlán. Juvenal Juvêncio é conservador nos gastos (Quase sempre é excessivamente mão de vaca) e, se o trouxer, certamente não será pra criar uma dívida impagável. De qualquer forma, é por essa razão tb qo SPFC cogita trazer o Coates e seria um excelente zagueiro pra nós
ResponderExcluirMuito bom. Oito campeonatos paulistas, dois brasileiros, uma libertadores e um mundial. É só isso que devemos a eles.
ResponderExcluirTexto muito bom, como são paulino posso dizer que tiveram muito sucesso na abordagem e conseguiram realmente mostrar o sentimento dos torcedores por esses jogadores.
ResponderExcluirLindo o texto. Como já foi dito, consegue expressas muito bem a relação do Tricolor com os jogadores uruguaios.
ResponderExcluirSe o Forlán vier, vai ser só alegria!
Ps: O bi nacional do São Paulo foi no ano de 1986.