$anta ética

O Internacional foi antiético. É a melhor e única frase a ser escrita. O atual campeão gaúcho atravessou a negociação do atacante Gilberto, do Santa Cruz, com o Corinthians. Jogou sujo, baixo e balançou a imagem de um clube que nessa década cansou de servir de exemplo. É claro que houve grande colaboração dos também antiéticos dirigentes do time de Pernambuco, que já tinham um acordo com o presidente corinthiano, Andrés Sanchez, desde março.

Porém, na hora de assinar, veio a ganância. Tudo que já estava apalavrado foi deixado de lado e a proposta de última hora do Colorado pesou. O vôo de Gilberto para São Paulo foi cancelado, os dirigentes alvinegros ficaram chocados e a polêmica foi plantada. Mais um exemplo que ética e futebol não conseguem caminhar lado a lado. Um papelão

Não se pode culpar o atleta e muito menos seu empresário, eles não tiveram voz no caso. O jogador pertence ao Santa, e é o Santa quem decide de quem vai receber o dinheiro. Escolheu o Inter, que foi lá e ofereceu mais, bem mais.

Só que o clube porto alegrense errou ao tomar uma das decisões mais feias do futebol: atravessar a negociação de um clube do mesmo país, da mesma liga e do mesmo porte. Aproveitou todos os dados do pré-contrato do jogador com o Corinthians e montou o seu por cima. Provavelmente deve ter adicionado cláusulas, aumentado o salário, luvas, etc.

Claro que sempre há aqueles que dizem que isso faz parte, que é negócio, que é coisa do capitalismo, que dinheiro é o que vale. É claro que vale, muito, mas não tanto quanto uma palavra, principalmente no futebol. Dinheiro virou algo tão banalizado que qualquer gesto de palavra (e conseqüentemente ética) de um jogador com uma instituição, e vice versa, deve ser valorizado.

O Internacional e o Santa Cruz não foram os primeiros nem os últimos. Tem muito clube grande pelo Brasil que é perito em atravessar negociações. Alguns deles tem até ídolo atual que é fruto de uma negociação desse tipo. O caso do Gilberto é um exemplo forte que ganhou destaque por envolver dois clubes em evidência no cenário nacional no momento, porém, ao mesmo tempo e sem muito alarde, o Fluminense também trabalha por baixo dos panos para trazer Elkesson e Ciro, inicialmente sondados pelo Botafogo.

Acontece, é parte do futebol, não dá pra negar, mas é errado. Dá para evitar, mas do jeito que os cartolas do futebol hoje em dia se comportam, é difícil. É só fechar a boca, confiar informações para poucas pessoas e não sair por aí dando declaração de demonstração de interesse só para aparecer na mídia e fazer média com a torcida.

Agora, após isso tudo, uma pergunta: que time vai um dia querer negociar com o Santa Cruz? Dinheiro você perde e ganha várias vez. Confiança você perde uma, e só. Sem volta.