domingo, 1 de maio de 2011

A mística flamenga


Os dois times entraram em campo com os nervos à flor da pele, mas se respeitando. Nos primeiros minutos, via-se muita luta e uma fantástica aplicação tática. O Vasco, bem postado defensivamente, explorava os contra-ataques pela lateral do campo com o veloz Éder Luis. O Flamengo, um pouco mais desorganizado que o rival, criava uma ou outra jogada com toques rápidos e dinamismo nas trocas de posição. Após a parada técnica, o rubro negro voltou melhor, e dominava as ações no meio do campo, apesar de não oferecer muito perigo ao gol de Prass. Com pouca ousadia e muita precaução, a etapa inicial terminou sonolenta. Um primeiro tempo monótono que não correspondeu ao que o "Bonde do Mengão Sem Freio" e o "Trem Bala da Colina" apresentaram no campeonato.

Na volta do intervalo, o jogo melhorou. Os jogadores passaram a arriscar mais e Ronaldinho quase se consagrou novamente com uma belíssima cobrança de falta. A lembrança de Petkovic estava viva na memória dos rubro negros antes de Fernando Prass se esticar e realizar a melhor defesa da partida. Com o time melhor, o Flamengo começou a esboçar uma leve pressão nos primeiros 15 minutos. O Vasco não jogava, e rifava as bolas sempre que podia. Ricardo Gomes viu que a ligação direta não seria a solução e botou Bernardo, mas antes disso, Luxemburgo havia sacado Bottinelli, o melhor em campo, para entrada de Fierro. Belíssima cartada de Gomes, péssima de Vanderlei.

A equipe cruzmaltina subiu muito de produção, e a partir daí, começou a tomar conta do jogo. Avançou seu meio campo, arrumou a marcação na zaga e encontrou duas avenidas pela direita e pela esquerda. Galhardo e Alvim não estavam em um bom dia, e sem cobertura, quase foram o caminho da vitória vascaína. Só que, a falta de um atacante com mais qualidade e a primorosa atuação de David Braz e Wellinton seguraram o Trem Bala.

No final do jogo, foi mais na base da vontade. Enquanto o Vasco, que precisava da vitória para forçar a final, partia para cima, o Flamengo recuou. Muito até. A torcida, irritada com Luxemburgo, quase gritou "é campeão" em um belo chute de Thiago Neves, após rebote da zaga.

Com o coração na ponta da chuteira e a equipe cruzmaltina melhor no jogo, sobrou emoção até o apito final, mas alguns, exageraram na dose. No último lance do jogo, após falta claríssima de Willians em Alan, os dois jogadores discutiram feio e o árbitro Luis Antônio Silva corretamente mandou os dois para o chuveiro.

Fim de papo, fim dos 90 minutos. Novamente, o Campeonato Carioca iria ser decidida em uma disputa de pênaltis. Para o Flamengo pode até ter sido um alívio, para o Vasco, não. Das últimas 10 disputas, levando em conta todas as competições, a equipe de São Januário venceu 3 e perdeu 7, enquanto a equipe da Gávea soma 8 vitórias, contra 2 derrotas. O retrospecto era favorável ao rubro negro, que fez por onde. De quatro cobranças, acertou três, contra apenas uma do rival.

Thiago Neves, o melhor da temporada até então, fechou a série e correu para o Bonde, confirmando mais uma vez a superioridade do clube no Rio de Janeiro. O Flamengo chegou ao seu 32º título regional, o quinto de forma invicta. Um belíssimo trabalho de Vanderlei, com alguns momentos de desconfiança durante a competição, mas com muita dedicação e vontade. Um bom time não se constrói em 3 meses, é verdade, mas um time campeão se constrói em segundos. Uma campanha "flamenga" que entrou para a história. O ano não acabou, mas o aproveitamento até agora é 100%: Copa São Paulo de Futebol Junior, Taça Guanabara, Taça Rio e Carioca. Invicto, com vontade, com raça, com o inesperado e principalmente com alegria. Do jeito que a Nação gosta, mas sem freio. Totalmente sem.

Um comentário:

  1. Excelente texto!!!

    O Flamengo realmente está devendo uma boa apresentação, mas para o Campeonato Carioca foi o suficiente. Espero que a diretoria contrate reforços, porque com esse time não dá para jogar o Brasileirão.

    Mas isso fica para depois. Agora é hora de comemorar!!!

    ResponderExcluir