Epopeia

Comemore, você que assistiu Santos x Flamengo, hoje, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. O que você presenciou, torcedor, foi algo épico, muito além da sua e da minha paixão pelo esporte. Seja rubro-negro, santista, tricolor, alvinegro. Você, que viu o jogo, deve se orgulhar e muito por ter visto simplesmente um dos melhores jogos de futebol de todos os tempos.

No palco de Pelé, a Vila. Aquela mesma, dos meninos. Daquele menino de moicano e daquele camisa 10 pensante que tantas vezes fora comparado com Zidane. Colocaram os dois ícones da atual geração em choque com o ícone da nossa geração passada.

Ronaldinho Gaúcho, o R10. O gênio, o amarelão(?), o cara que quando quer decide o jogo que quiser, na hora que quiser e como quiser.

Os pessimistas, falavam que seria um jogo truncado, com poucas chances para cada lado. Os otimistas falavam que ia ser um jogão, digno das duas mais pesadas do futebol brasileiro. Só que "jogão" é pouco para definir o que vimos essa noite.

Épico, fantástico. Parecia um conto, uma fábula infantil. Os meninos abrem 3x0 com 25 minutos. O Flamengo atordoado, tinha mais posse de bola mas não conseguia marcar. Os moleques vinham para cima, com 2 ou 3 toques na bola saíam na cara do goleiro e concluíam para gol. Neymar fez uma pintura, driblou 5 antes de marcar, dando um toque por cima de Felipe.

Ali, parecia que já estava decidido. Os garotos se mostravam mais maduros que os homens. O jogo parecia se encaminhar para uma goleada história do Santos sobre o único time invicto no campeonato. Parecia.

O rubro-negro achou um gol aos 28, com Ronaldinho, após falha de Rafael. Três minutos depois, Thiago Neves testou e marcou o segundo. O Flamengo estava de volta no jogo, e precisou de apenas 2 minutos para tal.

Até aí já tava bom. O jogo já estava fantástico, coisa de outro mundo. Chances o tempo inteiro, times ofensivos e sem medo de perder(até o Muricy!). Mas aí os deuses do futebol quiseram caprichar um pouquinho mais...

Pênalti para o Santos. Elano bate de cavadinha. E o que você viu, torcedor? Pois é. Você viu o goleiro do Flamengo defender e fazer embaixadinha dentro da área. Loucura? Não...

Loucura é 1 minuto depois Deivid empatar o jogo e fechar o primeiro tempo em 3x3.

Que coisa, amigo. No templo do Pelé, o Flamengo desafiou os meninos! Os queridinhos do Brasil e da mídia!

Veio a segunda etapa e logo no início, Neymar, sempre ele, fez boa jogada pela esquerda e tocou na saída de Felipe. Golaço.

A partir daí, o jogo começou a virar de gente grande. Quem estava acompanhando viu um Flamengo extremamente frio, ao contrário do que sua tradição mostra, tocar a bola, atacar o Santos e ter paciência.

Luxemburgo perdeu Luiz Antônio e botou Bottinelli. Sim, meus amigos. Vanderlei foi para a Vila Belmiro sem defesa, querendo meter gol, tirou volante e botou outro meia. VIVA O FUTEBOL!

Aos 22, em um lance genial, Ronaldinho cobrou falta por debaixo da barreira e empatou o jogo. O cara ainda saiu rindo, como se dissesse que aquilo é fácil. O Flamengo empatava o jogo em um momento crucial.

13 minutos depois, veio a glória rubro-negra. Ganso, o menino, perdeu a bola no meio campo. Em contra ataque rápido liderado pelo sempre criticado Deivid, R10, o homem, saiu na cara do gol e chutou à meia altura, consciente, vencendo Rafael. O Fla havia virado a partida.

O inacreditável acontecia. Um simples jogo na 12ª rodada em um campeonato de pontos corridos tinha virado uma epopeia. Os deuses do futebol resolveram escolher o dia 27 de julho para transformar o jogo na vila como uma das páginas mais bonitas do nosso esporte.

Craque dos dois lados, dribles dos dois lados, gols, gols e gols. Parece conto, mas não é.

Santistas falam: Como?

Flamenguistas respondem: Respeita.

O melhor jogo da última década? Talvez.

Mas uma coisa é certa: nossa geração não precisa ver mais nada no futebol. Absolutamente nada.