quinta-feira, 14 de abril de 2011

Tricolor Celeste


Todo clube do planeta se identifica com alguma causa, característica ou jeito de ser. Pode não parecer, mas por trás de qualquer instituição de futebol existe uma ideologia que freqüentemente é seguida à risca por torcedores, jogadores e dirigentes. As vezes, ela é esquecida, mas volta e meia, querendo ou não, acaba voltando à tona. A história não se constrói do nada, ela é conquistada.


E a identificação do São Paulo com o Uruguai é um exemplo claro. Houve toda uma base, moldada por Pablo Forlán e Pedro Rocha, construída por Darío Pereyra e consolidada pelo atual capitão celeste, Diego Lugano. Quatro guerreiros uruguaios que por si só, constituem uma ideologia que quatro gerações de tricolores idolatram. A força uruguaia com a técnica brasileira: o maior achado da história do Morumbi.


O primeiro a brilhar foi Pedro Rocha. Meia dinâmico, com uma técnica rara aliada à famosa raça uruguaia, conquistou os tricolores com 113 gols em 7 anos de clube. Na mesma época, Pablo Forlan era o dono da lateral direita. Um jogador marcado pela agressividade e que rapidamente caiu nas graças da torcida. Juntos, os dois foram os percussores da marca celeste no SPFC, e atingiram o ápice em 1977, na conquista do Campeonato Brasileiro.


Naquele ano, surgiria também o maior ícone estrangeiro do clube, o excelente defensor Darío Pereyra. Considerado o melhor zagueiro da história do clube, Darío fez parte do grupo em 77 e foi importantíssimo no bi brasileiro em 88. Com 130 jogos pelo clube, ajudou a marcar a década de 80 como a década uruguaia no São Paulo.


Quinze anos depois, começava a Era Lugano. Contratado como uma aposta do então presidente Marcelo Portugal Gouvêa, sem a aprovação da comissão técnica, Diego Lugano teve um início complicado no time. Apoiado pela torcida, conhecedora da mística uruguaia, o zagueiro aos poucos começou a se destacar dentro das quatro linhas por conta de sua fibra, a marca do país vizinho.


Com atitudes marcantes dentro e fora de campo, Lugano foi talvez a peça mais importante, ao lado de Rogério Ceni, da conquista da Taça Libertadores e do Mundial Interclubes em 2005. A dura missão de marcar Steven Gerrard na final em Tóquio, contra o Liverpool, acabou se tornando a melhor memória que o torcedor são paulino tem do zagueiro. Atuações impecáveis, frases inteligentes e uma cabeça rara no futebol mundial. Diego Lugano estendeu a camisa do São Paulo para sua pele e sozinho(isso mesmo, sozinho) mudou a concepção de um time que há 15 anos era taxado de time frio e sem brio.


Um clube nunca foi tão identificado com um país vizinho como o SPFC é com o Uruguai. A torcida adora, a diretoria respeita e sabe que é comum um uruguaio fazer história no Morumbi. Talvez por isso que ela atualmente tenta, com certo sigilo, a contratação do melhor jogador da última Copa, Diego Forlán. O filho de Pablo Forlán já declarou sua vontade de vestir a camisa tricolor e tentar repetir o sucesso do pai, mas até agora, nada foi confirmado. Se vier, vai encontrar o terreno preparado para exercer seu futebol, sem ter que provar nada a ninguém. Só que enquanto isso, os são paulinos se apegam ao passado. E quando ele é vitorioso, serve de inspiração.


A ideologia celeste é uma das partes mais bonitas da história do São Paulo e merece ser valorizada, mas não precisa forçar, eles tiram de letra por lá. O Morumbi é o único lugar do mundo que o sol brilha o ano inteiro. Só que lá, a estrela é diferente. É o sol de maio.

4 comentários:

  1. Gustavo Ribeiro Leal Silva15 de abril de 2011 às 12:52

    Massa o texto. Como são paulino, posso dizer que é por aí mesmo. Só acho que não há forçada de barra em tentar o Forlán. Juvenal Juvêncio é conservador nos gastos (Quase sempre é excessivamente mão de vaca) e, se o trouxer, certamente não será pra criar uma dívida impagável. De qualquer forma, é por essa razão tb qo SPFC cogita trazer o Coates e seria um excelente zagueiro pra nós

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  2. Muito bom. Oito campeonatos paulistas, dois brasileiros, uma libertadores e um mundial. É só isso que devemos a eles.

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  3. Texto muito bom, como são paulino posso dizer que tiveram muito sucesso na abordagem e conseguiram realmente mostrar o sentimento dos torcedores por esses jogadores.

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  4. Lindo o texto. Como já foi dito, consegue expressas muito bem a relação do Tricolor com os jogadores uruguaios.
    Se o Forlán vier, vai ser só alegria!

    Ps: O bi nacional do São Paulo foi no ano de 1986.

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