
Um cruzamento despretensioso, um desvio no primeiro pau e um toque pro fundo da rede. Imaginou a situação? Bem comum no futebol atual não? O uso e abuso de bolas rifadas na área, o popular chuveirinho, vem se tornando uma prática chata e repetitiva no mundo da bola. Defender-se 90 minutos e achar um gol está bem mais fácil do que jogar para frente buscando a vitória. É o aumento exponencial da prática do futebol de resultado.
Antes dos anos 90, as equipes tendiam a jogar ofensivamente. O ataque era o setor mais importante do time. Chances de gols eram criadas constantemente, ainda que isso deixasse espaços para o adversário jogar. O jogo bonito e vistoso era valorizado. Talentos individuais apareciam com muito mais frequência, definindo um jogo ou um campeonato. Porém, com a rápida evolução tática do futebol, a técnica foi aos poucos sendo deixada de lado dando lugar a disciplina dentro de campo. Força e resistência viraram componentes essenciais para um jogador hoje em dia.
Alguns chamam de futebol moderno, outros chamam de futebol covarde e há os que chamam de futebol eficiente. Sem dúvidas, este tipo de jogo é comprovadamente, tomando por base os últimos anos, o mais vencedor. No Brasil, os campeões nacionais de 2006, 2007, 2008 e 2010 praticavam um futebol pragmático, previsível e puramente tático. Ao plantar 10 jogadores atrás da linha bola, defender-se com boa eficiência e atacar de vez em quando, na maioria das vezes através da bola parada, suas chances de ganhar uma partida crescem assustadoramente. Você não dá espaços, você fica praticamente imune a erros táticos e joga no erro do seu adversário, que tende a cansar muito mais rápido do que sua equipe. E qualquer coisa, você faz aquela faltinha, afinal, ela faz parte do jogo. O 1x0 nunca foi tão comum como é hoje em dia.
Este estilo de jogo não é exclusividade do Brasil, embora por aqui, o técnico mais venerado(para não dizer outra coisa) é adepto de carteirinha do sistema. Na Inglaterra, a maioria dos times da Premier League seguem o novo padrão e apenas o Arsenal de Wenger é exceção. Na Espanha já é diferente, as duas maiores potências ainda não se renderam ao pragmatismo do futebol moderno, principalmente o Barcelona, o time mais vitorioso da Europa nas últimas temporadas. O velho continente é a base, a América do Sul vem seguindo os passos, aos poucos, mas vem.
A maior falácia atual é: "só dá para ganhar jogando assim." O que é mentira. Basta pegarmos os quatro finalistas da Copa da África para comprovar que é possível jogar bonito no futebol atual. Enquanto isso, o Brasil de Dunga caiu nas quartas. O estilo de jogo do ex técnico da Seleção consistia em força e velocidade, fugindo da tradição do futebol canarinho. Foi vitorioso? Foi, ganhou uma Copa das Confederações, uma Copa América e sobrou nas Eliminatórias. Porém, não atingiu o objetivo principal, ao contrário de Felipão em 2002, que ofensivamente, foi ao outro lado do mundo e nos trouxe o Penta. Após o fiasco de 2006, os "entendedores" suplicaram pelo fim da chamada "firula" e pela entrada do "resultado". Em 2010, pedem o fim do "pragmatismo" e a volta da "alegria". Contradição?
Mudanças no futebol não ocorrem apenas fora das quatro linhas. Dentro as coisas também mudam bastante. A nova tendência surge com força principalmente após o avanço da medicina esportiva, garantindo um maior e mais constante desempenho dos atletas. O futebol de resultado é uma realidade e só tende a crescer. É raro vermos jogadas bonitas e bem trabalhadas, mas pelo bem do futebol, elas ainda são as mais valorizadas. Ou você acha que Xavi, Iniesta e Messi são os indicados a melhor do mundo a toa?
Muricy é PICADASGALAXIAS!
ResponderExcluirE Sneijder merecia estar entre os 3. Diria mais, Sneijder foi o melhor na temporada passada!